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quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Tautologia


Inesperadamente, não se sabe de onde, surgiu um homem com uma borracha até certo ponto comum, e apagou todas as palavras do mundo. Insatisfeito, entrou nas mentes de toda a gente e de lá arrancou todas as palavras. Finalmente partiu para não se sabe onde, levando-as consigo.
Com muito custo, algum tempo depois, algumas pessoas começaram a se lembrar de alguns vocábulos. Porém, por mais que se esforçassem, não conseguiam se lembrar de seus significados. Logo, o que era até então conhecido como árvore passou a ser chamado de terra, a terra agora era rio, o rio, nuvem. Talvez o mais inusitado tenha acontecido com o amor que virou ódio. Não era raro ouvir dos casais apaixonados a insólita declaração “eu te odeio”, dita com extrema delicadeza e sinceridade que fazia apetecer qualquer coração.
No mais, tudo ficou como era antes, mesmo não sendo.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

o homem



cadáver de si mesmo
na lasca de unha
                               cor|
                                     tada

no fio de cabelo
                          c
                          a
                           í
                           d
                           o

na célula
                    des   pren   di  da

vestígios de corpo
sem despedida

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Visita à escritora Ruth Guimarães


Visita à escritora Ruth Guimarães, de Cachoeira Paulista, autora do romance "Água Funda". Foi uma tarde agradabilíssima e memorável.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Feira itinerante de troca de livros no Senac de Guaratinguetá


FESTIVAL DO LIVRO
Semana de incentivo à leitura

| FEIRA ITINERANTE DE TROCA DE LIVROS |

Outubro de 2010

Realização:
SENAC e Grupo VALEFOCO

Apoio Cultural:
Jornal O Lince, C.S.A Sítio do Juca, Sila Produções, Dep. de Cultura de Guaratinguetá


DIA 18/10 – segunda-feira:
– 19h30 - Abertura com apresentação do “Sarau Cênico” realizado pelo Grupo Dell’arte Companhia Teatral, sob direção de Souza Heiras.  
– 20h30 – Literatura na tela – Machado de Assis  Uns Braços
– 21h30 – Sorteio de livros dos selos Vale em poesia e Três por quatro, editora Multifoco.

Dia 19 – terça:
– 19h – Sessão de autógrafos de autores de Cachoeira Paulista. Livros Acontecência, do poeta Jurandir Rodrigues, e O Expectador da Vida, do artista e escritor Jurandir Fábio Monteiro, cujas obras (quadros e esculturas) estarão em exposição durante o evento.
– 20h30 – Palestra com Prof. Jurandir Rodrigues: Literatura X Tecnologia.

Dia 20
 – quarta: – 19h – Sessão de autógrafos com a autora mirim : Sofia Helena Barbosa Lourenço (Palavra de criança – Aparecida, SP)
– 20h  – Sessão de autógrafos dos poetas guaratinguetaenses Tonho França, livro O bebedor de Auroras,  e  Dora Vilela, Bordados do Avesso.
– 20h50 – Palestra com o professor e poeta Adams Alpes – Revisão: linhas e caminhos

Dia 21 – quinta:
– 19h – Tributo a José Afonso de Freitas, poeta de Aparecida, autor do livro Aquém do Lago Azul.
– 20h30 – Sessão de autógrafos dos livros Ecos e outros versos, Eryck Magalhães (Guaratinguetá), e Prometo ser breve, do contista Wilson Gorj (Aparecida).

Dia 22 – sexta-feira:
– 19h – Prof. Clebber Bianchi ministra  Oficina: Poesia não!
– 20h15 – Sessão de autógrafos com os poetas Clebber Bianchi, autor de À medida dos Tempos (Taubaté), e Fabiano Fernandes Garcez, Diálogos que ainda restam (Guarulhos, SP).
– 21h – Ciranda de poesia com os poetas da editora Multifoco.
– 22h – Encerramento com novo sorteio de livros.

A semana toda acontecerá a Feira Itinerante de Troca de Livros.


quinta-feira, 14 de outubro de 2010

"Imortais do Twitter"


Matéria publicada pela revista Língua Portuguesa, edição deste mês de outubro, por conta do concurso realizado via twitter pela ABLetras, o twitter da Academia Brasileira de Letras. Além de publicar os três textos vencedores do concurso, a matéria também ressalta a importância da ABL  estimular a produção literária na "tuitosfera". 

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Eleitor negro


Só sabia de uma coisa, seu voto não seria em branco.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

7 de setembro

Por mais que tentasse, o preto não conseguia dar sentido ao grito do Ipiranga.

sábado, 28 de agosto de 2010

Premiação na Academia Brasileira de Letras



Nesta quinta-feira (26/08/2010), estive na ABL por conta da premiação do concurso de microcontos realizado via twitter pela ABLetras, o twitter da Academia Brasileira de Letras. O microconto "Dilema da Aranha" ocupou o 3º lugar entre os participantes.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Premiação na ABL




Nesta quinta, 26/08, estarei na Academia Brasileira de Letras por conta da premiação do concurso ABLetras.
Quem quiser ler o texto premiado, basta clicar no link abaixo:
http://eryckmaga.blogspot.com/2010/04/dilema-da-aranha.html

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Jornal O Lince


edição julho / agosto

Matéria publicada sobre os poetas e contistas da região valeparaibana


quinta-feira, 19 de agosto de 2010

"Ecos e outros versos" na Bienal


      Tarde de autógrafos, na Bienal do livro, em São Paulo, 14/08/2010.
      O evento foi realizado no estande da Editora Multifoco.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Without a doubt

one must be
undoubtedly
a doubter

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Ecos e outros versos na Bienal


Dia 14 de agosto, "Ecos e outros versos" na Bienal. Confira a programação no site da editora Multifoco:


quinta-feira, 29 de julho de 2010

Ecos e outros versos


Adquira seu exemplar através do seguinte site: http://www.tonhofranca.com.br/banca/banca-do-tonho.php
ou entre em contato com o autor eryckletrado@hotmail.com


sábado, 24 de julho de 2010

Zumbi



                                      negro que não passou
                                      em branco

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Peleja

No Pelourinho pelava-se a pele.
Negro pelado,
sem cor.

Hoje no Pelourinho
só pelo lourinho.

(Eryck Magalhães, Ecos e outros versos, 15)

Descobrimento

No meio da mata fechada
a índia nua e virgem...

O português cristão
nunca amou tanto o próximo
como a si mesmo.

(Eryck Magalhães, Ecos e outros versos, 36)

Inconsciente negro

A dor de ser crioulo sarará?

(Eryck Magalhães, Ecos e outros versos, 30)

quarta-feira, 19 de maio de 2010

O



umbigo
um pingo
ponto final

 .

no meio
do ventre
entre

sábado, 1 de maio de 2010

Esferográfica


        
          Temendo que a ideia lhe fugisse, o poeta pôs-se a anotá-la. A caneta, entretanto, falhava. Das letras mal tracejadas, pedaços de ideias despencavam.

terça-feira, 27 de abril de 2010

De cor



Sujeito de cor
ao eito sujeito
sabe-se de cor
dá-se um jeito.

Sujeito de cor
de coração
no peito.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

De lua

          
                                                                     
         Preparou tudo para aquela noite. Trazia no bolso o anel de brilhantes e o discurso na ponta da língua. Uma imensa lua amarela resplandecia; lua de mel. Só não contava que ela fosse de lua.

domingo, 18 de abril de 2010

De mãos atadas



Pediu-lhe a mão. Ela concedeu-a a ele.
Insatisfeita, concedia o resto do corpo a quem pedisse.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Eco poema


Poemas são árvores;
ideias brotam como frutos
e nos galhos das palavras dependuram-se.


sábado, 3 de abril de 2010

Além



O além é ali,
lá, acolá,
lá longe,
logo adiante,
logo após,
para lá.

Além do mais,
o além está além
de qualquer conjetura.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Dilema da aranha

Não sabia ao certo onde tecer sua teia.
Escolheu um cantinho de parede da cozinha.
Acertou na mosca.

*Microconto premiado pela ABL

segunda-feira, 29 de março de 2010

Sublime



                                                             
    Músico e poeta encontraram-se por acaso, e trocaram presentes. O músico ouviu nos versos, música. O poeta contemplou na música, poesia.

quinta-feira, 25 de março de 2010

No divã



- O que te desperta a dor?
- O despertador.
- Fale mais sobre isso.
- Integro a maioria. Não sonho de olhos abertos.

terça-feira, 16 de março de 2010

Paradoxo


Em cada sussurro,
um urro.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Ensimesmado


sozinho

somente

só a mente

não mente.


quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Esvaecimento


      Era quaresma e há dias passava a escassos goles d’água e a miúdas migalhas de pão. Do confessionário, saiu levíssimo. A alma, um resquício de pena. O menor dos ventos não teria esforço algum para elevá-la ao céu. Sublimou.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

O coveiro


        Destinou sua vida aos mortos. Enterrava-os e confortava seus entes. Quando a gadanha arrancou-lhe a vida ninguém foi ao seu enterro, exceto um homem que trazia consigo uma pá.

Jesus

      Pregava noite e dia. Quando deu por si, já o haviam pregado na cruz.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Suicida




À beira do precipício,
                            
                              o fim
                                            
                                      ou
   
                                        o início?

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Visão além


Atrás do insólito,
acima do solo,
do sol.
A visão jamais vista.


quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Esperança

                                                          
                                                                Espero
                                                                Desde espero
                                                                Desespero
                                                                Desesperança.


Sêmen


Semente
da qual
  brota gente.


terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Domingo

Não estava apaixonado,
comprou pipoca e deu aos pombos,
não por piedade, mas por não ter o que fazer.

Sentou-se no banco e olhou para o céu,
não viu desenho nenhum,
apenas uma nuvem disforme.

Pensou no vazio e na segunda que estava por vir,
foi pra casa, não havia motivo para estar ali.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Sonho americano

          Com muito custo chegou à terra de Tio Sam. Na mala, o sonho de multiplicar o único dólar que trazia no bolso. Meses após, o que ganhava era apenas para o sustento. Virou do lar.

Gradação













De grão em grão

a ampulheta amputa.


De segundo em segundo

o ponteiro aponta

a curva no fim do caminho.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

O cético



               Em meio a toda questão sempre dizia: “depende”. Acabou dependurado em cima do muro.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Do céu




        
            Os primeiros pingos começavam a cair. De tão espessos, pareciam martelar o solo. Em pouco tempo a enxurrada varreu tudo. Em meio ao lamaçal, uma senhora que aparentava ter a vivência de mais de meio século, elevava seus braços de fartas carnes ao céu e, de olhos cheios d’água, agradecia a Deus por ter salvo um pouco do pouco que tinha. Não se deu conta de que a chuva viera do céu.